Imagina a situação: você, andando pela rua, encontra um conhecido. É, aquele cara com quem você trocou duas ou três palavras na universidade, no trabalho ou na escola mesmo. A famosa "zona do coleguismo". Logo, ele (ou ela) está em um nível um pouquinho acima do desconhecido, pelo menos acima do nível da pessoa que você pode simplesmente ignorar ao cruzar na rua. Você sente que não pareceria educado não parar e trocar duas frases, não é?
Então você para.
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Expectativa:
1. Uma rápida e asséptica troca de sobrancelhas levantadas rapidamente, e ambos continuam seu caminho.
2. Uma troca rápida de uma única e salvadora palavra: "Oi!".
3. Uma conversa resumida a uma pergunta: "Oi, tudo bem?", para em seguida continuarem seu caminho. Repare que ambos perguntam e ninguém responde, mas em algum momento da História estabelecemos que essa é uma conversa válida (vai entender).
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Realidade:
Ah, a realidade é sempre muito cruel. Ok, você não quer ignorar, você quer parecer uma pessoa educada. Mas, além de cruel, a realidade às vezes gosta de tripudiar sobre nosso desespero social. Seria muito bom se, cruzando pela rua, uma das expectativas acima fosse tudo o que nos esperasse. Mas não é.
Coincidentemente, você e seu semi-conhecido estão andando na mesma direção, ou indo à mesma loja ou, pior, indo pegar o mesmo ônibus. Isso significa que, por um tempo, vocês terão de conversar sobre os assuntos mais constrangedores de todos: as coisas da vida.
1. Se você está de férias: "E aí, o que anda fazendo nas férias? Aproveitando muito?"
2. Se você está em aulas: "E aí, como vai a faculdade/escola? Muitos livros para ler?"
3. Se você está namorando: "E aí, como vai o namoro? Já há quanto tempo?"
4. Se você está solteiro: "E aí, como vai a solteirisse? Pegando geral nas festas?"
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5. Se você é jovem: "E aí, como vai de festa? Muita balada, muita curtição?"
6. Se você é velho: "E aí, como vai a família? Os filhos, e os netos?"
7. Se você está magro: "E aí, como você emagreceu! Tá muito bem, viu?"
8. Se você está gordo: "E aí... er... como você tá saudável! Tá corado, tá forte!"
9. Se você está feliz: "E aí, você tá esbanjando felicidade, hein! Viu o passarinho verde?"
10. Se você está triste: "E aí, tô te sentindo meio abalado! Aconteceu alguma coisa?"
11. Se está sol: "E aí, que tempo esse, hein?! Esse sol..."
12. Se está chovendo: "E aí, que tempo esse, hein?! Essa chuva..."
É estatisticamente impossível fugir de uma dessas perguntas clichês. No máximo podemos encaminhar a conversa para outros 4 eixos igualmente genéricos: trânsito, moda, trabalho/estudo e reclamar da corrupção.
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É por isso que, ao ver um semi-conhecido, eu geralmente invento que o celular tá me chamando. Recomendo!